Que meu pai dance para você

Se equiparar palavras e ações é procedimento árduo, tão mais ousado, por assim dizer, é o intento de traduzir vivências na escrita. É o que Monique Augras faz nesta obra, dividida em três partes: aduz reflexões, crônicas, informações de cunho autobiográfico, descrições e discussões sobre seu trânsito, como curiosa, participante, pensadora e acadêmica no âmbito das religiões afro-brasileiras ao longo de décadas.Nos seus próprios dizeres, Essa aprendizagem forneceu o combustível para a redação dos meus textos, ao longo de mais de trinta anos, mas é também preciso dizer que o ganho não foi apenas intelectual. Foi existencial (p. 20)..Assim, os transes, a cozinha e seus mistérios como lugar primordial do axé no candomblé, sua gente e suas lideranças formam o eixo dos textos escritos. Após a parte escrita, em Imagens do Sagrado, Monique Augras nos presenteia com a expressão artística dessa vivência em cores, formas, materiais e movimentos diversos.Obra completa, de significados e construções de quem não somente viveu e vive as religiões afro-brasileiras, mas tem a capacidade de as traduzir em forma de livro que traz no título um desejo de bênçãos e convite irrecusável: Que meu Pai dance para você.