Linha da Unificação

Na chamada Nova Era, o consumo da ayahuasca, que é majoritariamente religioso, passa por reinterpretações e adaptações ritualísticas, influenciadas pela globalização e avanço tecnológico. Na Parte I da dissertação, é apresentada uma descrição acerca do processo de construção das três matrizes ayahuasqueiras brasileiras: Santo Daime, União Do Vegetal e Barquinha, interfaces com o xamanismo e vegetalismo; as jornadas dos respectivos fundadores e influências que receberam na constituição de suas doutrinas e ritualísticas. Na parte II, analisaremos a Linha da Unificação (LU) e como sua ritualística é capaz de operar hibridismos entre as religiões, orientalismos e outras espiritualidades não previstas na construção das matrizes. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa, alicerçada na observação participante e produção de diários de campo; realizada de abril a outubro de 2021, em 12 sessões ritualísticas da Fraternidade do Cálice Sagrado, bem como dois rituais de preparo da bebida, um na mesma instituição, e outro na Fraternidade Rosa da Vida (Brasília-DF); além de entrevistas com mestres que ajudaram a fomentar essa Linha. A LU demonstrou ter um ritual que permite adaptações às realidades de cada centro religioso, de forma a atender as diferentes buscas espirituais sem, com isso, perder a essência das matrizes. Portanto, foi possível constatar na LU a mútua existência de elementos das matrizes ayahuasqueira e os valores, crenças e ideias do movimento de Nova Era.